quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Do Nosso Lado da Escada-Uma breve explicação que do que será por JG

Do Nosso Lado da Escada. É uma tentativa de explicar o que são os Graus Capitulares do Rito de York, aqui entendido como Rito de York mesmo, não o ritual Emulação. Praticamente não há literatura em português sobre o sistema original, o Real Arco americano, descendente direto do Real Arco praticado na Grande Loja dos Antigos.
Há, sim, farta literatura, publicada pela Madras, sobre o Arco Real inglês, um sistema baseado no original, mas que foi transformado para que fosse permitida a união das duas Grandes Lojas inglesas, Antigos e Modernos, em 1813, e que só ganharia ritual próprio em 1834.
 Diferente do sistema original de quatro Graus, já em uso antes de 1797 na América e na Grande Loja dos Antigos, ao ser criada a Grande Loja Unida da Inglaterra, foi conservado apenas o Grau de Maçom do Real Arco, descartando-se os demais. Felizmente, alguns Maçons se recusaram a deixar morrer o primeiro dos Graus originais, Mestre de Marca, e lutaram por preservá-lo, o que acabaram, finalmente e depois de muita luta, com a criação da Grande Loja de Marca.
O sistema americano compõe-se de quatro graus consecutivos, chamados Graus Capitulares, que, como no Rito Escocês, do 4º em diante, fazem parte dos Altos Graus.
A estrutura do Rito de York é semelhante à do Rito Escocês, que é trabalhado: (1) nas Lojas de Perfeição, (2) nos Capítulos, (3) nos Conselhos e, finalmente, (4) nos Consistórios.
Similarmente, o York é trabalhado: (1) nos Capítulos do Real Arco, (2) nos Conselhos Crípticos e (3) nas Ordens de Cavalaria.
Tudo sequencialmente lógico e sem mistério.
O sistema inglês é mais confuso, por não ser sequencial. Foi produto de conveniência política, não de evolução natural.
Depois de chegar a Mestre Maçom, é possível (1) fazer o Grau “lateral” de Maçom do Real Arco, ainda dentro do Simbolismo.
Porém, para fazer o (2) Grau de Mestre Maçom da Marca (mais ou menos equivalente ao nosso Mestre de Marca), você tem que recebê-lo n
a Grande Loja de Marca!
Na cabeça do brasileiro, acostumado à sequência lógica dos Graus, isso faz uma confusão infernal, o que ainda aumenta porque, na nossa cabeça, não é lá muito fácil entender que um Alto Grau (ou, como é comum entre nós, um Grau Filosófico) seja conferido em uma “Grande Loja”...
A confusão ficou maior e beirando o ridículo quando agora pululam Lojas de Marca dentro de Grandes Lojas, misturando alhos com bugalhos. Pior ainda, porque, ainda que supostamente independentes, na verdade essas Grandes Lojas de Marca são no mínimo patrocínios dessas Grandes Lojas. Quer dizer, conseguimos embolar tudo, fazendo diferente e muito mais confuso que o próprio sistema inglês. Como consequência, temos as duas Lojas de Marca ortodoxas, uma ligada à Grande Loja Distrital inglesa e outra ligada ao Grande Oriente do Brasil, que se reconhecem. Porém ambas não reconhecem quaisquer das outras quatro ou cinco! É mole?
Um Irmão do GOB, um veterano de antes de 1952, daria boas risadas com esta situação esdrúxula: voltamos ao sistema de Lojas Capitulares! Só nós mesmos!
Em o Nosso Lado da Escada busquei desfazer um pouco dessa confusão infernal, explicando a origem, a história e a prática dos Graus Capitulares originais. As coisas, na verdade, são bem simples. Nós é que complicamos...
O livro deve chegar da gráfica no dia 13 de agosto.
Escrevi e ilustrei o livro para nosso Encontro Latino Americano de Liturgia e Ritualística do Real Arco, que vai acontecer do dia 17 a 19 de agosto próximo, em São àulo (o programa está anexo, para você ter uma ideia). Na verdade, foi um quebra-galho, porque nosso Companheiro Jeffrey Williamson, que viria para supervisionar as cerimônias, não poderá (ele já veio cinco vezes ao Brasil desde 2008!). Então, este seu amigo aqui vai ter que quebrar o galho. Daí o livro...
Para este Encontro, desde que regulares, podem inscrever-se, para assistir aos respectivos Graus, os Maçons do Arco Real e os Mestres Maçons da Marca do sistema inglês. Porém, para os Graus de Past Master e Mui Excelente Mestre, terão que ser iniciados. de acordo com as normas internacionais.

4 comentários:

  1. Esse texto possui várias imprecisões. Por exemplo: o sistema original da Loja dos Antigos NÃO tinha quatro graus. O Grau de Mui Excelente Mestre (terceiro grau capítular do Real Arco Americano) foi inventado nos Estados Unidos.

    Outra coisa: dizer que no Rito de York Americano é "tudo sequencialmente lógico e sem mistérios" é uma afirmativa completamente falsa. Os graus de 4 (Mestre de Marca) a 11 (Cavaleiro da Cruz Vermelha) "contam" em estória, MAS não seguem nenhuma ordem cronológica, nem nenhum outro tipo de lógica. Por exemplo, a estória do Grau 9 (Mestre Escolhido) ocorre antes da Grau 6 (Mui Excelente Mestre). Os grau 12 (Cavaleiro de Malta) e grau 13 (Cavaleiro Templário) nem são sobre o mesmo assunto.

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    1. Começando pelo “Anônimo”, de 5 de agosto de 2012, 15:43, que não sei se é nome ou sobrenome. Disse ele:


      Esse texto possui várias imprecisões.

      Honestamente, não duvido. Ninguém é dono da verdade ou infalível, por mais criteriosa que seja a pesquisa e as conclusões a que possamos chegar.





      Por exemplo: o sistema original da Loja dos Antigos NÃO tinha quatro graus.

      Tinha, sim. Cito as fontes de onde tirei a informação ao final do livro. Não há qualquer dúvida a respeito. Quem tinha três Graus era o sistema já praticado em 1717 na Maçonaria Irlandesa. Na época da criação da Primeira Grande Loja (mais tarde Os Modernos), só dois Graus eram praticados na Inglaterra. Gostaria que o “Anônimo” citasse as fontes que corroboram sua afirmação. No “eu acho” fica fácil afirmar qualquer coisa...





      O Grau de Mui Excelente Mestre (terceiro grau capítular do Real Arco Americano) foi inventado nos Estados Unidos.

      Era o que se supunha, mas não é o que dizem as modernas fontes. É melhor que ele se atualize antes de afirmar.





      Outra coisa: dizer que no Rito de York Americano é "tudo sequencialmente lógico e sem mistérios" é uma afirmativa completamente falsa. Os graus de 4 (Mestre de Marca) a 11 (Cavaleiro da Cruz Vermelha) "contam" em estória, MAS não seguem nenhuma ordem cronológica, nem nenhum outro tipo de lógica. Por exemplo, a estória do Grau 9 (Mestre Escolhido) ocorre antes da Grau 6 (Mui Excelente Mestre). Os grau 12 (Cavaleiro de Malta) e grau 13 (Cavaleiro Templário) nem são sobre o mesmo assunto.

      Esclarecendo: eu disse sequencialmente, não cronologicamente. Os Graus não seguem nenhum tipo de lógica? Que tolice, esta afirmação!

      Pelo jeito, o nosso amigo anônimo não vai ao cinema e nunca ouviu falar de flashbacks. É um recurso legítimo, explorado por romancistas desde o tempo de D. João Charuto. E daí que a sequência não seja cronológica?

      E quem falou dos Graus Crípticos até agora? Ainda assim. mantenho o que disse: eles são perfeitamente adequados à trama da história até chegar ao Super Excelente Mestre. E mantêm a coerência até o Grau de Cavaleiro da Cruz Vermelha, este já parte das Ordens de Cavalaria. Agora, quanto aos dois últimos Graus, estes sim, são de outra época e de outro contexto, porém tão aceitáveis quanto os Graus do Rito Escocês, que Albert Pike revisou.

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  2. Realmente, não há evidência que a Loja do Antigos tivesse alguma estrutura de quatro graus capitulares organizada em sequência como os quatro graus capitulares do Real Arco americano.

    A Loja dos Antigos praticou diversos graus adicionais, entre eles o Mestre de Marca e o Sagrado Arco Real, mas essencialmente como graus (adicionais) dentro do Simbolismo.

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  3. Realmente, não há evidência que a Loja do Antigos tivesse alguma estrutura de quatro graus capitulares organizada em sequência como os quatro graus capitulares do Real Arco americano.

    Há evidências, sim. Não só nas declarações do próprio Laurence Dermott como no relatório de Pennell. Veja no Ahiman Rezon e no site a respeito, ao final do livro.


    A Loja dos Antigos praticou diversos graus adicionais, entre eles o Mestre de Marca e o Sagrado Arco Real, mas essencialmente como graus (adicionais) dentro do Simbolismo.

    Aí está algo real nas colocações do “Anônimo”. Nisto ele está conerto de razão. Só há um detalhe: a concepção de Graus Simbólicos como separados dos Altos Graus não vigorava antes da fundação da Grande Loja dos Antigos. Era tudo Maçonaria, pura e simples. O choque com as duas Grandes Lojas rivais, a intransigência do Duque de Sussex quanto aos três Graus sob seu domínio, depurados das influências Stuart desde Desaguliers e, finalmente, a necessidade de acomodação, na América, com a chegada do Supremo Conselho do Rito Escocês é que consolidou a separação.

    Pena é que o “Anônimo” não tenha dado o ar da graça. Prefiro o diálogo às claras...

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