terça-feira, 19 de janeiro de 2010

ARLS Fidelitas nº 47 - Rito de York - GLEPB

Foi instalada a ARLS Fidelitas nº47 - GLEPB

Na noite do dia 05 de agosto de 2009, foi instalada a ARLS Fidelitas nº47, a qual passa a pautar seus trabalhos nos graus simbólicos do Rito York.
A referida Loja é a segunda na jurisdição da Grande Loja Maçônica do Estado da Paraíba; e a terceira no Estado da Paraíba. Pois já existem mais duas. A ARLS Cavaleiros do Sol nº 42 - GLEPB(CMSB) e a ARPI Segredos da Pirâmide - GOPB(COMAB).
Com a instalação dessa nova Loja, a maçonaria nacional conta agora com 30 (trinta) lojas trabalhando nos graus simbólicos do referido rito.
Outrossim, o estado da federação que possui mais lojas trabalhando nos graus simbólicos do Rito York é o do Rio Grande do Sul, através do Grande Oriente do Estado do Rio Grande do Sul (COMAB), com 15 lojas, tendo como líder principal dessa "revolução", o respeitável Irmão Carlos Foltz.
F&S
Sérgio Roberto - MM; MRA; SEM; CT
EX Venerável Mestre:
ARLS Presidente Roosevelt nº 13 – REAA
ARLS Cavaleiros do Sol nº 42

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O TEMPO E OS CALENDÁRIOS

“Não tem sido fácil para o Homem encarar o tempo”. Alguns, “na tentativa de elucidar aspectos do abismo do tempo” acabaram caindo no abismo da ignorância.

(Claude C. Albritton, The Abyss of time)


O TEMPO E OS CALENDÁRIOS

Irm.'. Angelo Spoladore

Algumas vezes nos deparamos com números incrivelmente grandes, outras com espaços enormes. Não é raro ouvirmos alguma coisa sobre o átomo ou outra partícula qualquer infimamente pequena Será que de fato entendemos o que essas dimensões significam?. De uma maneira em geral, quando nos deparamos com dimensões com que não estamos acostumados, temos dificuldade em expandir a nossa concepção de realidade e entender o significado do que vemos ou ouvimos.

Talvez tal fato seja mais marcante quando temos de criar uma concepção de tempo que vá além daquela que nossa mente nos coloca como passado, presente e futuro. Devido a nossa vida relativamente curta, estamos acostumados a pensar em 10 ou 20 anos. Um século (100 anos) costuma ser uma referência de um longo período de tempo. Todavia, considerando a história da Terra, 100 anos representam apenas um breve instante.

Entretanto, temos de nos lembrar de que a nossa história, e quando digo isso me refiro a história do nosso planeta e da raça humana, vai muito mais além do que os livros nos contam. Para chegarmos até aqui, muita coisa se passou ficando posteriormente esquecida ou perdida no abismo do tempo.

Devemos nos lembrar então que existem períodos de tempo muito maiores. Assim, devemos pensar em de milhões e bilhões de anos.

Mas, como podemos quantificar o tempo? Como medir esses longos períodos temporais? Existem métodos ou sistemas adequados para a contagem do tempo? O que é o tempo? O tempo existe ou é apenas mais uma das invenções humanas? O nosso sistema de contagem de tempo, ou em outras palavras, o nosso calendário, está correto? Teria ocorrido realmente o nascimento de Jesus na data de 25 de dezembro?

O tempo é entendido e medido por mudanças.

Estamos todos sujeitos ao crescimento e às mudanças físicas e biológicas. Dessa forma é que percebemos o tempo. O tempo é medido por mudanças, e as mudanças ocorrem em muitas escalas. Existem muitas formas de marcar o tempo como por exemplo o pêndulo, relógio de areia, movimento da Lua ao redor da Terra e da Terra ao redor do Sol. Tratam-se de fenômenos físicos cíclicos ou periódicos, ou seja, se repetem em períodos determinados e sempre iguais. Podemos utilizar como marcadores de tempo até mesmo os intervalos biológicos cíclicos, em outras palavras, períodos entre fenômenos biológicos tais como o sono, a fome, a menstruação, dentre outros.

A Terra é seu próprio marcador de tempo. Nela vemos mudanças nos dias, estações, anos, etc. Determinar a idade da Terra é basicamente determinar o tempo que a ela está girando ao redor do sol, o que para nós seria então o início do tempo.

O relógio (marcador cronológico) é um mecanismo usado para a contagem do tempo. Normalmente estamos acostumados a relógios mecânicos construídos para medir horas, minutos; todavia, existe uma grande quantidade de relógios naturais que fornecem bons parâmetros para se medir o tempo. Com eles podemos medir pequenos ou grandes intervalos de tempo. Vibrações dos átomos, por exemplo, fornecem intervalos pequenos com incrível precisão. Já as órbitas dos planetas e outros corpos do espaço sideral servem para marcar períodos de tempo maiores.

Por calendário (do latim calendae que significando primeiro dia do ano no calendário romano que por sinal era o dia em que as contas eram pagas) entende-se que seja o sistema de divisão do tempo em que se aplica um conjunto de regras baseadas na astronomia e em convenções próprias, capazes de fixar a duração do ano civil e de suas diferentes datas.

Em outras palavras, os calendários seriam formas, esquemas ou sistemas feitos pelo homem, obedecendo determinadas regras, utilizados para a contagem do tempo, tentando organizar e medir da melhor maneira possível o tempo conhecido.

Resumidamente, o calendário pode ser definido como sendo um sistema de divisão e contagem do tempo através da aplicação de uma série de normas e regras normalmente baseadas na astronomia.

O homem sempre tentou medir o tempo para saber a sua própria idade e também para saber a idade da Terra, sendo que várias formulas e metodologias para a medição e quantificação do tempo já foram propostas. Para tal, utilizou-se dos relógios naturais, ou marcadores cronológicos periódicos existentes na natureza. Uma vez quantificado, o tempo passou-se então para a tarefa de organização dos chamados calendários.

Falemos um pouco sobre a nossa noção de tempo e de como ela se desenvolveu.

Inicialmente a civilização ocidental pensava que a Terra seria tão velha quanto os seres humanos, possuindo aproximadamente 6000 anos. Em outras palavras, Tudo teria sido criado, inclusive o tempo, a aproximadamente 6000 anos.

O fato de que a Terra e o tempo eram mais antigos do que se pensava foi “descoberto” em Edimburgo, mais ou menos em 1770, por estudiosos liderado por James Hutton. Esses homens, estudando as rochas da região costeira da Escócia, perceberam que cada pedra, sem importar a idade, era formada por fragmentos de outras pedras mais velhas.

Esta foi talvez a descoberta mais importante do século XVIII, pois mudou o pensamento e a forma de encarar a Terra, os planetas, o Sol e outras estrelas, e, como conseqüência, a forma de olharmos para nós mesmos.

Da interpretação de que as rochas são produtos e registros de eventos ocorridos na história da Terra gerou-se a idéia de que as leis da natureza não mudam com o tempo.

Hutton viu ainda evidências de que a Terra teria tido uma evolução uniforme e por processos lentos e graduais que atuavam durante um longo período de tempo. Da mesma forma que uma P.'. B.'. através do desgaste lento e gradual, é trabalhada até se transformar em P.'.P.'., a Terra evolui e rios pequenos podem erodir por completo toda uma cordilheira de montanhas, se lhe for dado tempo suficiente.

As obras importantes que se seguiram, como por exemplo o celebre trabalho de Sir Charles Darwin que tratou da evolução das espécies, utilizaram estes conceitos.

As idéias de Hutton foram muito criticadas e demoraram para serem aceitas. Até o final do século XVIII a história da Terra bem o tempo eram contados baseando-se na Bíblia. Acreditava-se que a Terra e tudo o que nela existe, tal como ela é hoje, teria sido criada em apenas 6 dias por obra direta e pela vontade de um Deus Criador. A criação em tão pouco tempo, mesmo considerando um Criador, envolveria forças de tremenda violência, ultrapassando qualquer coisa experimentada pela natureza. Esta teoria ficou conhecida como teoria do catastrofismo sendo proposta oficialmente pelo Barão George Cuvier (1769-1832) - naturalista francês.

Com relação à idade da Terra, várias foram as tentativas de quantificação bem como saber há quando tempo existe a raça humana.

Uma tentativa de quantificação importante posto que ainda é considerada em calendários de alguns Ritos até os nossos dias, é aquela feita em 1654, por um arcebispo irlandês que calculou, tendo por bases dados bíblicos, que a Terra teria sido criada 4004 anos antes de Cristo, no dia 26 de outubro, as nove horas da manhã. Um outro cálculo foi feito pelo pastor anglicano James Usher chegou a uma idade para a criação da Terra de 4000 anos antes de Cristo.

Atualmente, além dos calendários para a contagem e organização do tempo, utilizamos dois conceitos diferentes de tempo e duas metodologias distintas a quantificação do tempo: a datação relativa (que nada mais é senão a simples determinação de uma ordem cronológica de uma seqüência de eventos) e a datação absoluta (estabelece idades em termos quantitativos, ou seja, anos, séculos, milhões ou bilhões de anos, através dos métodos C14, U/Pb, K/Ar, dentre outros).

Estabeleceu-se assim a idade da Terra a qual teria se formado a aproximadamente 5,0 bilhões de anos. As rochas mais antigas datam de 4,5 bilhões de anos e que a vida humana surgiu a apenas a aproximadamente 2 milhões de anos.

Para termos uma idéia do esses números significam, se a idade da Terra fosse igual a um ano, o homem teria surgido no dia 31 de dezembro às 23 horas e 55 minutos. Portando, os registros históricos que possuímos representam uma gota de água em um oceano, e mesmo neste pequeno intervalo, demorou-se para chegar um uma forma razoavelmente adequada de quantificação e organização cronológica.

Conformo verificamos anteriormente, a idéia do tempo tal qual conhecemos hoje, tem suas origens relacionadas à estudos das rochas e da Terra em sí.

Com relação aos calendários, várias são as tentativas de elaboração de sistemas baseando-se em fenômenos astronômicos especialmente àqueles envolvendo a posição e movimento do Sol e da Lua.

De acordo com o fenômeno adotado, podemos ter o calendário lunar, o solar e o lunissolar. Um calendário solar é um calendário organizado com vista especificamente à revolução da Terra em torno do Sol. Já o calendário lunar é organizado com base específica na revolução lunar enquanto que o calendário lunissolar leva em conta simultaneamente as revoluções da Lua em torno da Terra e desta em torno do Sol.

Os primeiros calendários tentavam marcar o início e o fim do inverno e verão. Estes períodos eram importantes posto que representam respectivamente épocas de escassez e abundância de alimentos. O homem logo percebeu que em determinadas épocas do ano o Sol estaria mais próximo ou mais afastado da Terra. Assim foram definidos os chamados equinócios (21 de março e 23 de setembro - datas do ano em que o dia e a noite são exatamente iguais em duração correspondendo ao cruzamento entre a elíptica - movimento aparente do Sol - e a projeção do equador in “A Voz de Kronus/set. 96) e solstício (22 ou 23 de junho e 22 ou 23 de dezembro - datas do ano em que são desiguais ao extremo a duração do dia e da noite são desiguais em decorrência da máxima distância entre a elíptica e o equador celeste in “A Voz de Kronus/set. 96). Uma forma simples e eficiente bastante utilizada pelos povos antigos para saber da aproximação da nova estação era elaborar construções “alinhadas” com o local no horizonte onde o Sol nasceria nas datas dos equinócios de inverno e verão. Com o passar dos tempos o sistema de contagem de tempo ficou mais sofisticado.

Vejamos alguns exemplos de diferentes calendários utilizados ao longo de nossa história (extraídos de trabalhos dos IIrm.'. Hércule Spoladore, Mário A. Cardoso, José Castellani e ainda do Dicionário Aurélio):

Calendário civil - Aquele em que se considera o ano como formado de um número inteiro de dias e meses, segundo as regras próprias de cada povo ou nação.

Calendário egípcio - Calendário usado no antigo Egito, formado por anos de 365 dias grupados em 12 meses de 30 dias e cinco dias epagômenos que o completavam. O início deste calendário ocorre quando o Sol entre no signo Zodiacal de Leo, quando Siriús entra em conjugação com o Sol coincidindo com a canícula a 20 à 22 de julho às 11 horas. Esta data coincide com as cheias do Rio Nilo. O primeiro mês é chamado de Thot. Alguns autores apontam este como o primeiro calendário solar. As estações eram divididas em: inundações ou cheias (Akket), semeaduras (Pen) e colheitas (Shemu).

Calendário Babilônico - Calendário lunar com 354 dias divididos 12 meses de 29 ou 30 dias sendo que o início era assinalado pela lua nova. Devido ao fato do calendário ser lunar, ao final de 3 anos existiria uma defasagem de aproximadamente um mês em relação ao calendário solar. Para solucionar este problema, ao final de cada 3 anos foi acrescentado um mês complementar.

Calendário grego - Calendário usado na Grécia antiga, originário de Atenas, com um ano do tipo lunissolar. Era formado de 12 meses de 29 e 30 dias, alternados, começando próximo do solstíscio do verão. É mais curto cerca de 11 dias que o ano solar. Esta diferença se acumulava de modo que em cada oito anos havia um excesso de 87 dias, que eram compensados com o aparecimento de três anos de 13 meses, os denominados anos embolísmicos de 383 dias.

Calendário romano - Calendário utilizado na antiga Roma antes da criação do calendário juliano, e que não obedecia a regras fixas, sendo o ano dividido em 10 meses de 20 ou de 55 dias, variando de acordo com os trabalhos da agricultura e as idéias políticas e religiosas dominantes.

Calendário juliano - Chama-se de calendário juliano ao resultante da reforma do calendário romano. Foi introduzida por Júlio César no ano de 45 a.C. mediante conselhos do astrônomo Sosígenes. Tal mudança foi realizada pois o antigo calendário romana era muito confuso. No calendário juliano em cada quatro anos existiria um ano bissexto, de 366 dias. Este calendário apresentava séria discrepância entre o ano civil e o ano trópico.

Calendário Hindu - Calendário com 12 meses de 30 dias cada e seis estações (primavera, verão, chuvas, outono inverno e orvalho). Devido a defasagem em relação ao calendário solar, a cada cinco anos era acrescentado um mês suplementar.

Calendário gregoriano - O chamado calendário gregoriano é resultante da reforma do calendário juliano e foi introduzido pelo Papa Gregório XIII (1502-1585). Neste calendário em cada quatro anos existe um ano bissexto, com exceção dos anos seculares, em que o número formado pelos algarismos das centenas e dos milhares não é divisível por 4. Para efeito de acerto para implantação, foi estabelecido na ocasião que o dia 04/10/1562 passaria a ser 15/10/1562.

Calendário eclesiástico ou litúrgico - O baseado nas festas das igrejas cristãs, todavia seu objetivo principal era a determinação da Páscoa. Este calendário, cujo cálculo é muito complexo, foi muito utilizado na idade média sendo elaborado no Concílio de Nicéia em 325 d.C. e é utilizado até os nossos dias pela Igreja Católica.

Calendário muçulmano - Calendário lunar constituído de 12 meses de 30 e 29 dias, que principiam sempre na lua nova. O ano civil muçulmano tem 354 ou 355 dias, e o início do ano retrograda de 10 a 11 dias em relação ao ano do calendário gregoriano. Ele é considerado a partir da Hégira no ano de 622 da nossa era, quando o Profeta Maomé partiu de Medina. Esta se celebra no primeiro dia do terceiro mês e o Ramadã é comemorado no nono mês.

Calendário maia - O calendário maia consiste em três sistemas simultâneos de contagem de dias: um, de interesse civil, com um período de 365 dias; outro, religioso, de 260 dias; e um terceiro de longo curso.

Calendário republicano ou francês - Calendário instituído na França pela Convenção, na Revolução Francesa, a 24/10/1793, pelo qual o ano tinha 12 meses de 30 dias cada um, acrescidos de cinco dias complementares, dedicados às festas republicanas, e começava no equinócio do outono do hemisfério norte (22 de setembro). Os meses tinham nomes um tanto que curiosos. Eis, por ordem, os nomes dos meses: vendemiário, brumário, frimário, nivoso, pluvioso, ventoso, germinal, floreal, prairial, messidor, termidor e frutidor. Convencionou-se que o ano I da República teria começo em 22 de setembro de 1792. Era um calendário anti-clerical.

Calendário israelita ou hebraico - Calendário hebraico é lunar e solar ao mesmo tempo. É constituído de 12 ou 13 meses de 29 e 30 dias, que principiam sempre na lua nova. Tal fato ocorre pois os 12 meses lunares (com 354 dias) não englobam o ano solar (365 dias), ocorrendo assim uma diferença de 11 dias, criando assim, de tempo em tempo um mês a mais. Os meses com 29 e 30 dias ocorrem pois o período de cada lunação é de 29 dias, 12 horas e 40 minutos. Como cada dia e cada mês começa e termina a meia noite, haverá uma diferença que após um período criará um mês com 30 dias.

Este calendário leva em consideração o ano agrícola, religioso e o civil (ou econômico). Se considerarmos o ano agrícola e o religioso, o ano hebraico se inicia no mês de Nissam (correspondente a março/abril). Considerando o ano econômico ou civil, o ano tem início em Tishiri (setembro / outubro).

O ano civil israelita tem 354 dias, e para fazê-lo coincidir com o ano solar se introduzem sete anos embolísmicos de 13 meses em cada grupo de 19 anos. Para se calcular o ano no calendário hebraico basta somar ao ano da E.'. V.'. o número 3760.

Este calendário é, aparentemente, complexo e de difícil compreensão, sendo utilizado normalmente através de tabelas.

Calendário maçônico gregoriano - O ano tem início em 21 de março sendo dividido em 12 meses com 30 ou 31 dias. O 12° mês possui apenas 28 dias. Tanto os meses como os dias não recebem denominações especiais. Trata-se na verdade de uma mistura entre os calendários gregoriano e hebraico. Para se saber o ano, acrescenta-se o número 4000 ao ano da E.'. V.'..

Calendário perpétuo - Calendário formado de tal maneira que as datas do ano são fixas em relação aos dias da semana. Este tipo de calendário já foi proposto várias vezes, sob diversas formas, todavia, ainda não foi adotado, em razão das dificuldades que viriam com uma reforma a nível mundial que teria de ser realizada para a implantação do mesmo.



A Maçonaria criou novos calendários ou modificou os já existentes gerando dessa forma calendários particulares que podem variar de acordo com o Rito ou com a Potência. Vejamos alguns exemplos.

O Rito de Menfis se utiliza do calendário egípcio de mesma forma que a maioria dos Ritos orientais.

Já o Rito do Real Arco utiliza um calendário próprio pelo qual é acrescentado a ano da E.'. V.'. o número 530. De acordo com este calendário, o ano zero seria o ano da fundação do segundo Templo de Jerusalém (ou Templo de Zorobabel).

O Rito da Estrita Observância considera o início de seu calendário no ano 1314 ou o ano da destruição da Ordem do Templo. Neste caso ano invés de acrescentar um determinado número no ano a E.'. V.'., é subtraído o número 1314 da mesma.

O Rito de Misrain soma ao ano da era vulgar o número 4004 pois o calendário deste Rito considera a datação citada anteriormente pela qual a Terra teria sido criada no ano 4004 a.C. .

O Rito Adonhiramita se utiliza de um calendário muito próximo do calendário hebraico desde 1815.

O Rito Escocês Antigo e Aceito utiliza nos Graus Superiores o calendário hebraico devido ao fato deste Rito ter sido fundado por Irmãos de origem judaica. Este mesmo Rito utiliza no Brasil um calendário baseado no hebraico com início em 21 de março (Missan) acrescentando-se ao ano da E.'. V.'. o número 4000.

O calendário do Rito Moderno atribui aos meses igual número de dias que o calendário gregoriano, acrescentando o número 4000 ao ano da E.'. V.'.. Antigamente, este calendário tinha seu início no dia 21 de março. Todavia em 1774, o Grande Or.'. da França mudou o início do ano para 1° de março alegando que a antiga data (21 de março) causava muita confusão.

O Rito de York utiliza um calendário próprio e simples sendo que apenas é acrescentado o número 4000 ao ano da E.'. V.'. .

Rito Brasileiro usa o calendário maçônico gregoriano

Da mesma forma que o calendário pode variar, variam também as expressões que acompanham o ano. Assim, o Rito do Real Arco acrescenta a expressão A.'. Inv.'. (Anno Invencio) enquanto que o Rito de York utiliza A.'. L.'. (Anno Lucis). Para os Ritos Moderno e Brasileiro é utilizada a expressão V.'. L.'. (Verdadeira Luz ou Vera Lucis). Para os Ritos que utilizam o calendário hebraico a expressão é A.'. M.'. (Anno Mundi).

Apesar dos Ritos adotarem oficialmente um determinado calendário, nem sempre essa determinação é seguida.

Conforme relatos de diversos IIrm.'. dentre eles os IIrm.'. Hércule Spoladore e José Castellani, quando da fundação do então Grande Oriente Brasiliano foi adotado o calendário utilizado pelo Rito Adonhiramita posto que este Rito era o adotado pela Potência.

Sabe-se também que o Supremo Conselho de Montezuma utilizava o calendário do Rito Moderno. Quando posteriormente este Supremo Conselho, em 1855, uniu-se ao Grande Oriente do Brasil, possa ter influenciado a adoção, por parte do GOB, do calendário do Rito Moderno. Todavia, segundo o Ir.'. Hércule Spoladore e o Irm.'. Kurt Prober, o calendário do Rito Moderno nem sempre era obedecido existindo alternância entre a utilização dos calendários dos Ritos Francês e Adonhiramita e até mesmo o gregoriano de acordo com o Grão-Mestre no poder conforme segue abaixo.

De acordo com diversos documentos analisados pelo Irm.'. Kurt Prober e também pelo Irm.'. Gomes e posteriormente citados pelo Irm.'. Hércule Spoladore, oficialmente, o calendário do Rito moderno foi utilizado pelo GOB entre os anos de 1856 e 1870 quando então passou-se a usar o calendário gregoriano. No período correspondente aos anos de 1871 à 1876 foi utilizado o calendário Adonhiramita e a partir de 1876 até 1889 foi utilizado novamente o calendário gregoriano.

Entre novembro de 1889 a março de 1890 foi utilizado o calendário do Rito Moderno quando então voltou-se a seguir o calendário gregoriano.

Foi somente a partir de fevereiro de 1892 que o Grande Oriente do Brasil passou a utilizar o calendário do Rito Moderno sendo que este é o calendário oficial até os nossos dias.

Ainda de acordo com os IIrm.'. citados anteriormente, o Supremo Conselho do Brasil, aproximadamente em 1898, passou a utilizar o calendário hebraico para os graus 31 à 33. Posteriormente, depois do cisma de 1927, o Supremo Conselho adotou este calendário para todos os graus filosóficos.

As Grandes Lojas Brasileiras utilizam até os nossos dias, o calendário do Rito Moderno ou Francês.

Tantas mudanças e tantos calendários assim podem causar problemas principalmente quando pessoas pouco avisadas tentam manuseá-los e interpretá-los.

No Brasil é célebre a confusão causada pela má interpretação e pelo desconhecimento histórico e sobre calendários por parte de certos pesquisadores. A confusão diz respeito a data de fundação do Grande Oriente do Brasil, da iniciação e a posse como Grão Mestre de D. Pedro I e na data da famosa 14ª Sessão quando é tido que o Ir.'. Gonçalves Ledo teria proclamado a Independência do Brasil.

Uma das decorrências dessas confusões, além de discussões apaixonadas, foi a instituição em 1957 do 20 de agosto como sendo o “Dia do Maçom”, data esta, comemorada e por uns e criticada por outros posto que nesta data não houve sessão no Grande Oriente do Brasil. Dessa forma, o 20/08 não teria significado maçônico sendo apenas fruto de interpretações errôneas de IIr.'. pouco avisados.

Este assunto já foi muito bem discutido pelos IIrm.'. Hércule Spoladore, José Castellani Manoel Gomes e João Alberto de Carvalho. Todavia, devido ao pouco interesse por cultura maçônico da maioria dos Obreiros da nossa Real Ordem, muitos ignoram os verdadeiros fatos, assumindo o 20 de agosto como verdadeiro ou o que é pior, não sabe ao menos o porque que esta data foi estipulada como sendo o Dia do Maçom.





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



1. CARDOSO, M.A. (1996) - A Maçonaria no Computador.
2. CARVALHO, J.A. (1986) - Dia 20 de agosto de 1822: equívoco histórico. Bol. n° 7 do Grande Oriente de Minas Gerais.
3. CASTELLANI, J. (1986) - Dia 20 de agosto de 1822 : Não houve sessão na maçonaria. Bol. n° 7 do Grande Oriente de Minas Gerais.
4. Dicionário Aurélio Eletrônico
5. GOMES, M.(1986) - 20 de agosto ou 9 de setembro. Bol. n° 7 do Grande Oriente de Minas Gerais.
6. Periódico: A VOZ DE KRONUS, n° 06 / set. 96.
7. PROBER, K. Coletânia Bigorna, n° 1 e 2.
8. SPOLADORE, H. (1991) - Calendários e Maçonaria. 3° Encontro de Membros Correspondentes da Loja de Pesquisas Maçônicas Brasil.

Angelo Spoladore .'.

Londrina / 1997.