terça-feira, 10 de setembro de 2013

Esclarecimentos sobre a relação entre Obediências Simbólicas e outros Corpos

Esclarecimentos sobre a relação entre Obediências Simbólicas e outros Corpos

g12_vasco_santos_sao_paulo_palmeiras_gremio_fluminense_flamengo_cruzeiro_atletico_mg_botafogo_corinthians_internacional_560_2Imagine que você é corintiano louco, e seu Grão-Mestre publica um ato declarando que sua Obediência só reconhece o Palmeiras. Ou que você é flamenguista doente, e seu Grão-Mestre determina que o time correto é o Vasco. Ou que é atleticano, e escuta em Loja a prancha da Obediência solicitando que os membros torçam pelo Cruzeiro. O que você faz? Creio que você diria ao Grão-Mestre o que ele deveria fazer com esse ato, o lugar certo dele guarda-lo, não é mesmo? E isso por um motivo simples: a Obediência Maçônica Simbólica, seja Grande Loja ou Grande Oriente, não é dona da sua vida.
Você, maçom, deve ser acima de tudo um homem livre. Você só deve satisfação à sua Obediência no tocante aos graus simbólicos, ou seja, de Aprendiz, Companheiro e Mestre. Uma Grande Loja ou Grande Oriente não tem autoridade alguma sobre qualquer assunto que não seja esse. Qualquer coisa que seja fora dos graus simbólicos está fora da alçada da Obediência. É assunto que não lhe diz respeito. Se sua Obediência quer emitir alguma opinião a respeito de algo que não seja Maçonaria Simbólica, tudo bem. Afinal de contas, opinião é que nem bunda, cada um tem a sua.
Apesar disso, no cenário maçônico brasileiro, volta e meia tem Obediência (leia-se: Grão-Mestre) querendo dar pitaco onde não deve. E se ficasse só no pitaco até que dava pra engolir, mas pitaco de cima para baixo acaba virando ato, tratado, decreto. Mas pior do que isso é a subserviência de muitos maçons, que já se acostumaram a consultar seus Grão-Mestres sobre assuntos que vão além dos Graus Simbólicos. Seja numa conversa sobre os Altos Graus do Rito Escocês, sobre os Shriners ou até mesmo sobre DeMolay, não é raro escutar um maçom perguntando a outro: “Mas o GOB reconhece?” ou  “A Grande Loja permite?” ou “Qual a determinação do Grão-Mestre a respeito? Como se a Obediência Simbólica regesse toda sua vida maçônica e paramaçônica.
Tomando por exemplo os Altos Graus do Rito Escocês Antigo e Aceito: quem ingressa onde? São os Mestres Maçons da Obediência que ingressam no Supremo Conselho ou são os membros do Supremo Conselho que iniciam como Aprendizes na Obediência? A ordem é clara! É uma via de mão única! É o Supremo Conselho que recebe membros da Obediência, e nunca o contrário! Em outras palavras, a Obediência é “indústria fornecedora” e o Supremo Conselho é “mercado consumidor”. E quem julga qual marca tem boa procedência ou não é o consumidor! Dessa forma, é o Supremo Conselho que define quem ele aceita ou não para ingressar em seus Corpos. Um processo unilateral.
Algo similar ocorre com os Shriners. No caso do Brasil, o “Almas Shriners” tem como regra definida que aceita os mestres maçons de Obediências reconhecidas pela Grande Loja do Distrito de Columbia. Esse é o critério de “boa procedência” determinado. Alguém viu os Shriners pedindo a benção ou alguma permissão para o GOB, para alguma Grande Loja ou Grande Oriente Independente? Não. E nem vai. O mestre maçom que possuir os requisitos e quiser ajudar as crianças enfermas, será muito bem vindo. Se você precisa pedir a benção de alguém pra isso, o problema é seu.
O mesmo se aplica aos Altos Corpos de outros Ritos, às outras Ordens Maçônicas restritas a mestres maçons, e mesmo às Ordens Paramaçônicas. Saiu da esfera dos graus simbólicos, da sua vida cuida e manda você. Se não avilta os bons costumes, ninguém tem nada com isso.
Talvez você esteja se perguntando: “E esses tratados que existem entre Altos Corpos e Obediências Simbólicas?”. Besteira inútil e desnecessária. Pense em um tratado em que, por exemplo, o Supremo ABC se compromete em aceitar membros apenas da Obediência XYZ e, em contrapartida, a Obediência XYZ se compromete a trabalhar apenas nos graus simbólicos e reconhecer nos Altos Graus daquele rito apenas o Supremo ABC. Nessa hipótese, o que o Supremo ABC ganha com esse tratado? Nada. A Obediência já é obrigada a trabalhar apenas nos graus simbólicos ou deixa de ser regular e perde reconhecimentos. E a Obediência não pode obrigar seus Mestres a ingressar nos Altos Graus, muito menos em um Supremo específico. Bom, e a Obediência XYZ, o que ganha com esse tratado? Nada também, além de alimentar o ego de um bairrismo provinciano barato e ultrapassado.
E quanto a regularidade e o reconhecimento? Taí uma questão importante e, por sinal, bem simples. A regularidade maçônica se dá por regras claras e se um Alto Corpo de um Rito ou uma Ordem é restrito a maçons regulares no simbolismo, é um indício de que essa instituição respeita os mesmos critérios de regularidade. Já o reconhecimento não é dado pela Obediência Simbólica e sim pelos pares. Obediência Simbólica reconhece Obediência Simbólica. Supremos Conselhos reconhecem Supremos Conselhos. Por exemplo, o Supremo Conselho do REAA no Brasil reconhecido pelos demais Supremos Conselhos do REAA regulares no mundo é o Supremo Conselho do Grau 33 do REAA da Maçonaria para a República Federativa do Brasil, com sede em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Isso independente se o GOB, a Grande Loja do RJ ou o Grande Oriente Independente A ou B goste ou não, reconheça ou não. Afinal, isso não é da conta deles.
E se você não gostou do que foi dito aqui, ou é um escravo cego ou está com o chicote na mão. Dois tipos que deveriam estar bem longe das fileiras maçônicas.